segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Permissão de reentrada aos nikkeis que receberam Ajuda dos ¥ 300.000 dá esperança à família carioca

“Tenho mais futuro no Japão do que no Rio”, diz Zarlan Medeiros Silva que chegou ao Japão com dois anos de idade, retornou com 17 e não se adaptou ao Brasil

Permissão de reentrada aos nikkeis que receberam Ajuda dos ¥ 300.000O anúncio da permissão da reentrada no Japão dos nikkeis que receberam a Ajuda dos 300 mil ienes para regressar ao Brasil encheu de esperança uma família carioca que reside na Baixada Fluminense e que deixou Hamamatsu (Shizuoka) em 2009.

Cláudia Medeiros Silva viveu no Japão por 22 anos, mas teve que ir embora do país devido ao desemprego causado pela crise econômica que assolou a comunidade brasileira naquele período. No entanto, o filho Zarlan que chegou ao Arquipélago com dois anos de idade e retornou ao Brasil com 17 não se adaptou ao Rio de Janeiro mesmo depois de quatro anos e aguarda ansiosamente a chance de voltar ao Japão.

“Desde que voltamos pra cá ele fica revoltado e joga na minha cara que voltou forçado contra a própria vontade. Eu não podia deixá-lo sozinho sendo menor de idade na época porque a juventude apronta muito no Japão. Também não podia ficar sobrevivendo com o dinheiro das economias e sem emprego”, justifica Cláudia.

Em entrevista ao ipcdigital.com, Zarlan, que fala português com dificuldades, relatou que não está sendo fácil a vida no Rio de Janeiro. O jovem atualmente com 22 anos trabalhou numa fábrica de plásticos por um breve período e agora está desemprego. “Tenho mais futuro aí no Japão do que aqui no Rio. Aqui as pessoas são diferentes, tem violência. Quero voltar”, diz Zarlan que cresceu no bairro de Koto-cho em Hamamatsu e frequentou a escola até o ginásio (chuugakoo).

“Eu não discordo dele porque o mundo dele é aí. Aqui ele não é de sair, fica a maior parte do tempo em casa. Dá pra percerber que a vida dele é no Japão”, constata Cláudia. Segundo o anúncio publicado nesta sexta-feira (27), a reentrada no Japão para quem usou o auxílio do governo japonês para retorno ao país de origem será permitida a partir de 15 de outubro mediante apresentação de cópia de contrato de trabalho com pelo menos um ano no ato da solicitação do visto junto à repartição consular.

A notícia deu um novo ânimo para a família de Cláudia que não vê a hora de recomeçar a vida em território nipônico. “Mesmo que tiver que pagar os 300 mil ienes de volta, pagaria sem reclamar até porque acho justo”, pondera Cláudia. No planejamento da família, a prioridade é o retorno de Zarlan. Já a volta da brasileira e do marido pode ficar em segundo plano. “Como temos parentes em Hamamatsu tem como eles darem suporte pra ele chegando aí. A dificuldade é só o visto”, declara. Mais de 21 mil nikkeis aceitaram a ajuda em 2009 para escapar do desemprego. A grande maioria que recebeu o dinheiro era de nacionalidade brasileira.
Fonte: IPC Digital