segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Comunidade prefere auto-escolas brasileiras

Visando melhores oportunidades de emprego e conforto no dia-a-dia, não é raro encontrar brasileiros que planejam tirar ou que já possuem a carteira de habilitação japonesa. Mas, para muitos, a principal dificuldade é em relação ao idioma, já que os testes teóricos, em grande parte dos Centros de Trânsito (menkyo senta), são aplicados somente em japonês.

Uma alternativa para quem não domina a língua são as auto-escolas brasileiras. Elas oferecem aprendizado facilitado e específico aos brasileiros e chegam a ensinar até a leitura e escrita do hiragana e katakana. "Quem tira a carteira japonesa tem muito a ganhar, já que é uma chance de aperfeiçoar o japonês e uma oportunidade para conseguir um emprego melhor", justifica Claudete Wachi, proprietária da World School, de Gyoda (Saitama), que está há 10 anos no mercado.

Força de vontade é o que não falta para Fábio Tanaka Ferreira, 25, de Kure (Hiroshima). Determinado a tirar a carteira de habilitação japonesa, Ferreira pediu licença do trabalho e viajou mais de cinco horas até chegar em Saitama. Mesmo com as despesas da viagem e estadia, ele garante que a habilitação sairá mais barata do que se fosse tirada em uma auto-escola japonesa. "Onde moro não há esse tipo de serviço para os brasileiros, como sei pouco o japonês, resolvi vir para cá pelas facilidades e também por causa do custo", diz. "Pensei que seria mais difícil, mas as instrutoras explicam em detalhes e dá para entender sem problemas", completa.

Outro que optou pela auto-escola brasileira por causa do idioma é Alexandre Hokoma, 19, de Isesaki (Gunma). "As provas são todas em japonês, mas como os professores explicam de forma simples, foi fácil de entender", justifica o brasileiro, que iniciou o curso há dois meses.

O material utilizado é o mesmo das auto-escolas japonesas. A diferença é que cada escola possui uma metodologia de ensino diferente. "Queremos formar condutores conscientes e responsáveis", reforça Claudete, uma das primeiras brasileiras a conseguir a habilitação japonesa. "O importante não é só a carteira, mas também a segurança própria e a dos outros, por isso é muito importante aprender a legislação", afirma.

A duração do curso varia conforme a disponibilidade do aluno. A diferença é que as auto-escolas brasileiras não impõem uma quantidade mínima de aulas. Já as japonesas exigem frequência mínima de 33 horas de aulas teóricas e 33 horas de aulas práticas. Caso o aluno já saiba dirigir, na auto-escola brasileira ele não precisa freqüentar essa quantidade de horas, o que reduz o custo do curso. De acordo com a proprietária da World School, o valor do curso teórico é de ¥ 180 mil e cada aula teórica, ¥ 4 mil. "Nas auto-escolas japonesas o valor pode chegar até quase ¥ 300 mil, já que têm esse limite mínimo de aulas exigido. Isso sem contar que lá, o aluno precisa concluir tudo em seis meses, aqui nós não colocamos prazos."

Para tirar a carteira de habilitação no Japão, há uma bateria de quatro exames, todas realizadas no Centro de Trânsito. O primeiro exame é composto por um teste escrito com 50 questões. Com a aprovação dessa fase o aluno realiza uma prova prática, dentro do Centro de Trânsito. Ao passar por essa fase, ele recebe uma carteira provisória, o karimenkyo, que permite a condução de automóveis e assim a pessoa pode treinar na rua para a segunda prova prática. A terceira etapa é a prova teórica de 100 questões e por fim a prova prática, realizada nas ruas.

Karina Fujisaki, 27, de Isesaki (Gunma), começou a tirar a carteira há seis meses e está na última etapa dos exames. "Já fiz a prova três vezes. O nervosismo atrapalha muito e sempre esqueço de alguma coisa. Os policiais percebem isso e não passam. Eles querem que você tenha segurança naquilo que faz", diz.

Para ela, as aulas ajudaram também a melhorar o nível de conhecimento da língua japonesa. "Aqui posso continuar com o trabalho, além de enriquecer o meu vocabulário. Meu nível de japonês melhorou muito, hoje na fábrica entendo muitas coisas que não sabia."

Débora Yamamoto, proprietária da New Libras, de Oizumi (Gunma), afirma que a dificuldade maior está na prova prática. "A teoria é simples, a prova de volante é que é mais rigorosa", revela.

Conforme a proprietária da auto-escola, que atua há três anos na cidade, o nível de aprovação dos alunos é de 100% nas provas teóricas e 80% nas práticas. "A legislação é simples, são mais as regras de trânsito, placas e noções básicas de cidadania", salienta. "Percebemos que muitas pessoas sabem até ler e escrever, mas não compreendem o vocabulário técnico e aqui ensinamos todos esses termos e também a entender as questões", acrescenta.

carteira de habilitação no Japão
Carteira internacional
Uma dúvida comum é em relação à carteira internacional. Nesse caso, somente as carteiras emitidas pelos participantes do Tratado de Genebra são aceitas e reconhecidas no Japão. A validade dessas carteiras é somente de um ano. Depois disso, a pessoa precisa voltar para o país de origem para fazer a renovação e somente depois de três meses ela poderá retornar ao Japão e usar a carteira. No caso da carteira internacional emitida no Brasil, ela não possui validade no Japão.

Já para quem tem a carteira de habilitação do Brasil é possível fazer a transferência para a carteira de motorista japonesa. Nesse caso, o interessado também passa por um exame teórico - composto por 10 questões em português - e um teste prático, no circuito do centro de trânsito.

Carteira no Japão
Para obter a Carteira de Habilitação no Japão, o interessado deve freqüentar auto-escola, onde o aluno deve ter no mínimo 30 horas de aulas teóricas e 20 horas de aulas práticas. Depois de prestarem um primeiro teste na própria auto-escola, o aluno deve fazer pelo menos 20 horas de aulas práticas.

São realizados quatro exames. O primeiro é o teste teórico com 50 questões e o segundo, exame prático no circuito do centro de trânsito (menkyo center). Caso o aluno seja aprovado nessa fase, ele receberá uma carteira provisória (karimenkyo), que dá o direito do aluno treinar na rua, junto com alguém habilitado e que possua a carteira há mais de três anos, para a prova de trânsito. Após essa fase é feito o terceiro exame, que é o teste teórico com 100 questões e o exame prático no trânsito.

Em algumas cidades é possível fazer a prova em hiragana ou inglês. Quem já souber dirigir pode se apresentar diretamente ao centro de testes para exame escrito e prático.
Carteira de Habilitação no Japão
Transferência de Carteira
Para quem tem Carteira de Habilitação do Brasil é possível fazer a transferência para a carteira de motorista japonesa. Para isso existem essas exigências:
- Que tenham permanecido no Brasil por um período superior a três meses após a obtenção da carteira nacional de habilitação

- Que a carteira esteja no prazo de validade.

- Que seja aprovado no exame psicoténico, teórico e prático.

Documentos necessários:
- Carteira nacional de habilitação, acompanhada de tradução, que pode ser solicitada à Japan Automobile Federation (JAF).

- Passaporte (todos os passaportes, tanto os novos como os antigos, onde estão assinalados a entrada e a saída do Japão)

- Carteira de Registro de Estrangeiro (gaikokujin tooroku shoomeisho)

- 1 foto (3cm x 2,4cm) do rosto, sem chapéu e fundo branco, com validade de no máximo 6 meses

- O pagamento da carteira varia conforme o tipo
Fonte: IPC Digital

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